A esperada queda nas bolsas de valores dos países atingidos pelo tarifaço dos Estados Unido se concretizou neste primeiro dia útil após a entrada em vigor das medidas anunciadas por Washington, na última quarta-feira (04.04).
A queda atingiu as bolsas da Ásia, Europa e dos Estados Unidos e responde à determinação, que entrou em vigor no sábado (05.04), da aplicação dos 10% sobre todas as importações de todos os parceiros comerciais dos EUA a serem pagos na próxima quarta-feira (09.04). A partir daí, as tarifas serão elevadas para as demais nações.
Frente à turbulência e após uma queda de quase US$ 6 trilhões nos valores das ações dos EUA na última semana, o presidente Donald Trump minimizou os riscos de sua guerra comercial e disse que não irá recuar. “Não quero que nada aconteça, mas, às vezes, é preciso tomar remédios para consertar alguma coisa”, afirmou aos jornalistas no domingo.
Mais de 50 países já entraram em contato com a Casa Branca para iniciar negociações comerciais.
Manhã turbulenta
As bolsas asiáticas despencaram nesta segunda-feira (07.04). Na China, houve um recuo de 7,3%; no Japão de 7,8%, em Taiwan de 9,6%, na Coreia do Sul de 4,5%. A maior baixa foram os 13,2% da bolsa de Hong Kong, o menor índice diário do país em quase 30 anos.
O mesmo ocorreu com os índices futuros – instrumento financeiro para antecipar operações financeiras com base na sua análise de mercado – da bolsa de Nova York: o Dow Jones teve queda de 2,2%, o S&P 500 de 2,5% e a Nasdaq de 3%.
A queda generalizada é explicada pela venda de ativos de riscos pelos investidores que nesta manhã procuraram colocar o seu dinheiro em opções mais seguras, como o ouro, a prata e os títulos do tesouro americano (Treasuris).
Nas capitais europeias, a bolsa abriu em queda livre. Foram registradas quedas de 7,68% na bolsa da Alemanha, de 6,19% em Paris, de 5,83% em Londres, de 3,6% em Madri e de 2,32% em Milão. O índice futuro dos bancos europeus caiu 4,8%. Do EUROSTOXX 50 caíram 3,0%, do FTSE 2,7% e os DAX 3,5%.
Aumenta expectativa de recessão
Diante da inflexibilidade de Trump, o banco de investimentos Goldman Sachs aumentou a probabilidade de recessão nos Estados Unidos.
“As condições financeiras se tornaram mais agressivas do que esperávamos em resposta ao anúncio da Casa Branca sobre suas tarifas ´recíprocas´ e ao anúncio do governo chinês sobre suas tarifas retaliatórias sobre as exportações dos EUA”, diz o texto.
E complementa:
“As medidas de incerteza política atingiram níveis muito acima daqueles alcançados durante a última guerra comercial. Os efeitos da incerteza política provavelmente serão muito maiores do que na primeira guerra comercial porque muito mais empresas dos EUA provavelmente serão afetadas pela incerteza sobre as tarifas muito maiores e mais amplas dos EUA e do exterior desta vez, e algumas também podem ser afetadas pela incerteza sobre outras áreas políticas, como política fiscal e de imigração”.
Em conversas com o The New York Times no fim de semana, banqueiros, executivos e traders afirmaram ter sentido um “flashback” da crise financeira global de 2008.
Economistas do JPMorgan alertam que as tarifas podem levar a um declínio no produto interno bruto (PIB) dos EUA. Eles revisaram a previsão de crescimento do do país de um aumento de 1,3% para uma redução de 0,3%.
Fonte: Opera Mundi