quarta-feira, abril 23, 2025

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UE estuda resposta unitária às tarifas de Trump


Os ministros do Comércio da União Europeia iniciaram uma discussão, nesta segunda-feira (07/04), sobre as formas de responder à “mudança de paradigma” no sistema de comércio global após as tarifas anunciadas pelos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que protegem a unidade do bloco. Nessa discussão, surgiu uma divisão entre os países que preferem uma abordagem calma e gradual e aqueles que não descartam uma resposta rápida e enérgica.

No encerramento da reunião, o comissário Europeu do Comércio, Maros Sefcovic, alertou que a UE estava preparada para usar “cada ferramenta” de defesa comercial disponível. “Estamos preparados para usar cada ferramenta do nosso arsenal de defesa comercial para proteger o nosso mercado único, nossos produtores e consumidores”, disse o diplomata eslovaco, considerado experiente em negociações comerciais.

Uma das ferramentas mais poderosas da UE é o “mecanismo anticoerção”, adotado em 2023, que bloqueia diretamente o acesso aos mercados públicos do bloco.





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Ao chegar à reunião, Sefcovic alertou sobre a gravidade da situação, pois envolveria responder “ao que eu descreveria como uma mudança de paradigma no sistema de comércio global”.

Em 2 de abril, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou tarifas generalizadas sobre as importações, com uma tarifa de 20% para os países da União Europeia, e agora o bloco precisa decidir como responderá.

No mesmo dia, o chefe da Casa Branca impôs 34% adicionais aos produtos chineses e levou Pequim a reagir na mesma moeda. A partir de 10 de abril, o Ministério das Finanças da China aplicará tarifas adicionais de 34% sobre os produtos norte-americanos que entrarem no país asiático.

Nesta segunda-feira, ignorando o impacto de sua guerra comercial nas bolsas de valores em todo o mundo, Trump ameaçou aplicar mais 50% sobre os produtos chineses, a partir de 9 de abril, se Pequim continuar com suas represálias tarifárias. “Além disso, todas as negociações com a China sobre suas reuniões solicitadas serão suspensas”, ele alertou. 

Comissão Europeia ofereceu tarifa zero

Em Bruxelas, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia – o braço Executivo do bloco –, disse que ofereceu aos EUA um acordo de tarifa zero sobre produtos industriais. Segundo Von der Leyen, a proposta foi feita “reiteradamente”, mas ela explicou que a ideia não provocou uma “reação adequada”.

Nesta segunda-feira, o ministro do Comércio da Suécia, Benjamin Dousa, disse: “Queremos mais comércio e mais cooperação com os Estados Unidos, mas a UE está unida. Somos a favor de soluções negociadas”.

O ministro da Economia e Comércio da Alemanha, Robert Habeck, afirmou que a Europa deveria estar preparada para usar todas as suas armas contra os Estados Unidos.

Wikimedia Commons/Christophe Licoppe/União Europeia
Chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen fala sobre ‘tarifas zero por zero’ contra os Estados Unidos

França, Espanha e Irlanda divergem sobre retaliação

O ministro do Comércio francês, Laurent Saint-Martin, observou que o bloco não deve descartar a possibilidade de uma retaliação mais firme. “Não devemos excluir nenhuma opção em relação a bens ou serviços, independentemente de como a abordamos, e usar a caixa de ferramentas europeia, que é muito abrangente e também pode ser extremamente agressiva”, observou.

A França, disse o ministro, é a favor de “fazer todo o possível para preferir a cooperação e a negociação à escalada e ao confronto”. No entanto, acrescentou, o bloco europeu deve “mostrar o que podemos fazer em termos de resposta”, e a posição da França é manter “todas as opções sobre a mesa”.

O ministro espanhol, Carlos Cuerpo, disse que os países da UE devem manter a “cabeça fria”. Segundo ele, “devemos deixar claro que a Europa não quer esse conflito comercial e que estamos apenas respondendo às medidas injustificadas e completamente arbitrárias que foram colocadas sobre a mesa”. O ministro espanhol frisou que a resposta da UE “sempre será justa e proporcional. Esse é o elemento essencial com o qual devemos começar esta discussão”, insistiu.

O ministro das Relações Exteriores e Comércio da Irlanda, Simon Harris, alertou para o risco da adoção pela UE de represálias contra as empresas de tecnologia dos EUA. “Seria uma escalada extraordinária em um momento em que deveríamos estar trabalhando para diminuir a tensão”, disse ele.

Proposta de Musk é “boa ideia”

A presidente da Comissão Europeia disse que continuava aberta para negociar com os Estados Unidos. “A Europa está sempre pronta para um bom acordo. Então, nós o mantemos na mesa. Mas também estamos preparados para responder com contramedidas e defender os nossos interesses”, disse Ursula von der Leyen.

No fim de semana, o bilionário Elon Musk, assessor do governo americano, disse em uma entrevista que esperava uma zona de livre comércio entre a Europa e os EUA.

Em resposta a essa ideia, o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, disse que se Musk tivesse “algo a dizer, ele deveria ir até seu presidente e dizer: ‘Vamos acabar com esse absurdo, essa bagunça.’”

O italiano Antonio Tajani afirmou que seu “sonho” era um “mercado único transatlântico livre de tarifas”, e o francês Laurent Saint-Martin chamou as declarações de Musk de “uma boa ideia”.



Fonte: Opera Mundi

trezzenews