quarta-feira, abril 23, 2025

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USP cancela evento com Israel após pressão de acadêmicos


Atualização às 19h18

A Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) ordenou que a Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (Aucani) cancelasse a “Feira Cultural Internacional 2025”, que estava programa para o próximo 23 de abril, com a participação do Consulado de Israel.

“Lamentamos informar que, por motivos alheios à nossa vontade, a Feira Internacional 2025 está cancelada. Agradecemos a todos que se inscreveram nas atividades e, em especial, aos consulados que confirmaram participação”, declarou a Aucani em seu portal.





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A entidade disse ainda esperar “poder reprogramar a feira em um futuro próximo”. “Reforçamos que, independentemente desse cancelamento, o Centro seguirá com suas atividades culturais regulares”, finalizou o comunicado, sem mencionar a ordem da Reitoria, ou a questão palestina.

Consultada pelo portal da Associação de Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), a Aucani informou que o cancelamento ocorreu considerando “o atual contexto internacional”.

O cancelamento ocorreu após o apelo do cientista político e professor sênior Paulo Sérgio Pinheiro (FFLCH-USP) contra a participação da representação de Tel Aviv no evento, que aconteceria no Centro Intercultural Internacional (CII).

O também diplomata atuante na Organização das Nações Unidas (ONU) acusou o governo israelense de “perpetrar um genocídio em Gaza”, e lembrou que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, teve sua prisão decretada pelo Tribunal Penal Internacional por “crimes contra a humanidade e crimes de guerra”.

Após a decisão da reitoria, Pinheiro se posicionou mais uma vez: “o Consulado do Estado de Israel, que continua a promover o genocídio em Gaza, não poderá servir-se desse espaço na cidade universitária”, e “não poderá demonstrar na USP sua expertise em confeitaria de doces como anunciava”, ao referir-se a uma programação culinária e cultural israelense na feira.

Acadêmicos apoiam denúncia de Pinheiro

A Rede Universitária em Solidariedade ao Povo Palestino, que reúne docentes e pesquisadores de diversas universidades brasileiras, manifestou apoio ao apelo do professor aposentado da USP Paulo Sérgio Pinheiro.

Expressando “irrestrito apoio” ao apelo de Pinheiro, que questionou a instituição para a qual trabalhou por anos, o coletivo afirma que caso a USP permitisse a participação da representação israelense em seu evento “seria uma decisão política e moralmente inaceitável – além de insultuosa ao legado democrático e humanista da Universidade de São Paulo”, fator também mencionado na carta de Pinheiro à universidade.

“O Consulado de Israel representa um governo cujas políticas de Estado promovem, de forma brutal e sistemática, o genocídio, o apartheid e a “limpeza étnica” do povo palestino”, reiterou a carta ao exigir a retirada de Israel do evento.

“A USP – como instituição pública e referência acadêmica nacional e internacional – não pode normalizar ou ser conivente com o genocídio em curso na Palestina, tal como definiu a Corte Internacional de Justiça e outras reconhecidas organizações internacionais de Direitos Humanos e do Direito Humanitário”, instou ainda o coletivo pró-Palestina.

“USP não pode normalizar ou ser conivente com o genocídio em curso na Palestina”, defenderam docentes e pesquisadores
Unfpa/Media Clinic

Leia a nota da Adusp na íntegra

Lamentamos informar que, por motivos alheios à nossa vontade, a Feira Internacional 2025 está cancelada.

Agradecemos a todos que se inscreveram nas atividades e, em especial, aos consulados que confirmaram participação.

Esperamos poder reprogramar a feira em um futuro próximo. Reforçamos que, independentemente desse cancelamento, o Centro seguirá com suas atividades culturais regulares.

Leia a carta da Rede Universitária em Solidariedade ao Povo Palestino na íntegra

Carta em apoio ao apelo do professor Paulo Sérgio Pinheiro

À Reitoria da USP

Prof. Carlos Gilberto Carlotti Junior e

Profa. Maria Arminda do Nascimento Arruda

A Rede Universitária em Solidariedade ao Povo Palestino – que reúne docentes e pesquisadores de diversas universidades brasileiras – vem, por meio desta carta, manifestar seu irrestrito apoio ao apelo do professor Paulo Sérgio Pinheiro, amplamente divulgado, nestes dias, à comunidade acadêmica brasileira.

Entendemos que será uma decisão política e moralmente inaceitável – além de insultuosa ao legado democrático e humanista da Universidade de São Paulo – que a AUCANI permita a participação, na Feira Intercultural Internacional, do Consulado de Israel que representa um governo cujas políticas de Estado promovem, de forma brutal e sistemática, o genocídio, o apartheid e a “limpeza étnica” do povo palestino.

A fim de ser consequente com seu compromisso com os direitos humanos, a USP – como instituição pública e referência acadêmica nacional e internacional – não pode normalizar ou ser conivente com o genocídio em curso na Palestina, tal como definiu a Corte Internacional de Justiça e outras reconhecidas organizações internacionais de Direitos Humanos e do Direito Humanitário.



Fonte: Opera Mundi

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