terça-feira, abril 22, 2025

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Em SP, intelectuais do mundo defendem socialização do trabalho


A primeira mesa da conferência ‘Dilemas da Humanidade: Perspectivas para Transformação Social’ realizada nesta terça-feira (08/04), no Sesc Pompeia, em São Paulo, discutiu alternativas para os processos de reestruturação do mundo impulsionados pelo capitalismo e imperialismo.

A integrante da Red Latinoamericana Mujeres Transformando la Economía (REMTE), Magdalena León, criticou o pensamento “recorrente” e “simplista” de responsabilizar uma suposta inação dos governos progressistas na ascensão das tendências econômicas da extrema direita. Ao contrário dessa lógica, a economista equatoriana explicou que as raízes ultraconservadoras provêm do neoliberalismo, que criou condições para o avanço de pautas de interesse hegemônico.

Ao enumerar os desafios que precisam ser superados, León mencionou “a concentração de capital e riqueza em níveis monetários, a expansão dos negócios e da lógica empresarial como ideais tanto para a economia quanto para a sociedade, a visão dos negócios como um modelo familiar e o empreendedorismo crítico de que sempre há uma alternativa para isso”, assim como “a destruição de várias formas de propriedade, produção e trabalho”.





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Nesse sentido, defendeu a necessidade de resgatar experiências que o progressismo deixou no passado em termos de propostas e tentativas de implementação de políticas públicas para “sistematizar e reinterpretar”.

“A partir dessa experiência, precisamos refletir sobre a matriz produtiva, a matriz energética e diferentes perspectivas sobre inovação. Porque a inovação está profundamente enraizada na noção de criação destrutiva. O novo surge destruindo o anterior. Novos modelos são inventados com base na destruição e obsolescência dos anteriores”, afirmou, defendendo uma economia para a vida, não limitada a pessoas.

Opera Mundi
Teatro do SESC Pompeia sedia segundo dia da conferência ‘Dilemas da Humanidade: Perspectivas para Transformação Social’

Socialização do trabalho

Para combater a crise mundial deflagrada pelo sistema capitalista, o diretor executivo do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, Vijay Prashad, defendeu a necessidade de uma agenda alternativa que consista na combinação da teoria marxista atualizada, dados empíricos e planejamento estratégico para governos progressistas, evitando, desta forma, a dependência a dispositivos como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Podemos pegar o exemplo do Sri Lanka, do Senegal, dos estados de Sahel. Você chega ao poder, tem um mandato popular, mas não tem um conjunto teórico de instrumentos políticos para fornecer aos governos e começar a governar imediatamente em uma direção de esquerda progressista, dentro de um sistema capitalista”, disse, explicando ser esse o motivo pelo qual seu instituto de pesquisas decidiu desenvolver uma agenda alternativa.

Entretanto, antes disso, o historiador indiano destacou que é essencial uma teoria de desenvolvimento para o século 21, baseada no “conceito marxista de socialização do trabalho”, que envolve integração global, produtividade e libertação humana.

“Dividimos a socialização do trabalho em cinco conceitos diferentes. O primeiro conceito é o que é conhecido como capital circulante ou bens intermediários mensuráveis. O segundo é capital fixo ou, em outras palavras, a formação líquida de capital fixo. O terceiro é o mercado mundial ou de comércio internacional. O quarto são trabalhadores qualificados e o quinto, pesquisa e desenvolvimento”, explicou Prashad. 

Capitalismo e racismo

O diretor do Centro de Dados e Comunicações Digitais na Escola de Comunicação, Manda Radeble, abordou os desafios persistentes na África do Sul 30 anos após o fim do apartheid, destacando a desigualdade racial, a justiça econômica não resolvida e o surgimento de movimentos reacionários que promovem narrativas falsas, como a do “genocídio branco”.

De acordo com Radeble, a libertação sul-africana exige não apenas enfrentar o racismo, mas também desmantelar o sistema capitalista que o sustenta. Nesse sentido, enfatiza a solidariedade internacional e a luta pela justiça econômica como passos fundamentais para resolver a crise global e construir uma sociedade igualitária.

“Você nunca pode resolver o problema do racismo sem confrontar o capitalismo. Na África do Sul, o capitalismo surgiu como parte dos projetos coloniais, como parte do projeto de Estado. E, portanto, como muitos acadêmicos disseram, esses capitalismo e racismo são traços conjugados”, disse. “Precisamos promover a unidade não racial da classe trabalhadora em nível nacional”, completou.



Fonte: Opera Mundi

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