Em coletiva realizada no final da tarde desta quinta-feira (10/04), a Confederação Geral do Trabalho (CGT), maior central sindical da Argentina, expôs sua avaliação sobre a greve geral que ela mesma convocou, e que teve início no dia anterior.
Segundo Héctor Daer, um dos três secretários-gerais da entidade, a iniciativa contra as políticas econômicas do presidente Javier Milei foi “um sucesso retumbante”, não só pela mobilização de centenas de milhares de pessoas nesta quarta-feira (09/04) como pela paralisação desta quinta, na qual a maioria dos serviços públicos foram cortados em todo o país.
“O movimento trabalhista está buscando uma agenda clara e concreta para mudar as políticas de renda e o governo terá que mostrar que entendeu o recado”, comentou o líder sindical.
Entre as principais demandas da greve estão o rechaço ao acordo obtido por Milei com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que significa um incremento de US$ 20 bilhões com o organismo de crédito – valor que será acrescentado à dívida que o país já mantém desde 2018.
Outro tema importante é o apoio aos aposentados, que iniciaram uma série de protestos contra o governo desde o primeiro grande ato no 12 de março – que terminou com forte repressão por parte das forças de segurança –, aos quais se seguiram outros realizados em 19 e 26 de março.
Os aposentados argentinos reivindicam um aumento das aposentadorias (cujo valor mínimo atual é de 349 mil pesos argentinos, equivalentes a 1,9 mil reais); restaurar o programa de medicamentos gratuitos, cujo orçamento foi cortado severamente, apesar de o custo dos medicamentos ter triplicado no país; e restabelecer o benefício da moratória previdenciária, que foi suspenso pelo atual governo e sem o qual seria impossível a aposentadoria de nove em cada dez mulheres e oito em cada dez homens próximos à idade de se retirarem.
Página/12
“Foram milhões de trabalhadores mobilizados em todo o país nestes últimos dois dias, e devemos parabenizar a todos por terem aderido a um chamado para defender os nossos direitos e fortalecer a luta por uma política de renda mais justa””, acrescentou Daer, durante a coletiva.
Esta foi a terceira greve geral na Argentina durante os 16 meses do governo ultraliberal de Milei. Os eventos anteriores ocorreram em janeiro e em maio de 2024.
Casa Rosada critica ‘casta sindicalista’
Também na tarde desta quinta-feira, o porta-voz do governo argentino, Manuel Adorni, criticou a greve geral e acusou os líderes sindicais do país de comporem uma suposta “casta sindicalista”.
“Esta iniciativa da casta sindicalista, aliada do kirchnerismo, tem como objetivo deixar milhões de argentinos desempregados”, afirmou o ministro de Milei.
O porta-voz concluiu sua declaração dizendo que “a Argentina pode ter perdido mais de US$ 800 milhões neste dia”, e que “este é um dos últimos suspiros de quem vive de extorsão e da ameaça aos trabalhadores”.
Com informações de Página/12 e El Destape.
Fonte: Opera Mundi