O Ministério do Comércio chinês anunciou nesta sexta-feira (11/04) a elevação das atuais tarifas de 84% sobre todas as importações dos Estados Unidos para 125%, reiterando que o país está disposto a “lutar até o fim”. As importações chinesas estão sobretaxadas pelos Estados Unidos em 145%.
Pequim sugeriu que este pode ser o seu último aumento tarifário, já que “no nível tarifário atual, não há aceitação do mercado para produtos dos EUA exportados para a China”.
“Se os EUA continuarem a impor tarifas sobre produtos chineses exportados para os EUA, a China irá ignorá-los”, afirmou o país, sinalizando que virão outras contramedidas.
O aumento foi anunciado após a reunião do presidente Xi Jinping com o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez, que foi convidado a trabalhar com a China para resistir ao “bullying” de Trump. O presidente chinês também conversou com a Arábia Saudita e a África do Sul.
´Nunca ficaremos de braços cruzados´
Além de tarifas retaliatórias, Pequim também restringiu as importações de filmes de Hollywood e colocou 18 empresas americanas em listas de restrições comerciais.
“Nunca ficaremos de braços cruzados e assistindo enquanto os direitos e interesses legítimos do povo chinês são violados. Nem ficaremos de braços cruzados enquanto as regras econômicas e comerciais internacionais e o sistema multilateral de comércio são prejudicados”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, nesta quinta-feira.
A Casa Branca pressiona pela repressão dos produtos chineses enviados aos Estados Unidos pelo centro industrial do sudeste asiático.
EUA e Vietnã concordaram em iniciar negociações comerciais, Taiwan afirmou estar no primeiro lote de parceiros a entrar em negociações e o Japão espera visitar Washington na próxima semana.
Mercados voltam a cair
Os mercados que tiveram um alívio após o anúncio da pausa por Trump voltaram a cair, com as retaliações EUA-China, frente aos temores de recessão e mais retaliações.
Os índices asiáticos seguiram Wall Street em baixa na sexta-feira, com o Nikkei do Japão caindo quase 5% e as ações de Hong Kong caminhando para o maior declínio semanal desde 2008. Os preços do petróleo também devem cair pela segunda semana consecutiva.
As bolsas europeias também caíram. Ás 6h50 de Brasília, a Bolsa de Londres caía 0.09%, a de Paris 0,86%, a de Frankfurt recuava 1,43%, as de Milão e Madri também apresentaram recuo de 1,46% e 0,70%. Já o índice pan-europeu Stoxx 600 recuava para 1,15%. A única a subir foi a bolsa de Lisboa, com avanço de 1,41%.
O índice S&P 500 dos EUA fechou em queda de 3,5% na quinta-feira e agora caiu cerca de 15% em relação ao pico histórico em fevereiro. O Nasdaq Composite, focado em tecnologia, caiu 4,3%. Analistas acreditam que as ações devem cair ainda.
Sob pressão, o dólar caiu para seu menor nível desde outubro de 2024, confirmando que a primazia da moeda americana no sistema financeiro global está sendo questionada após as tarifas de Trump.
Fonte: Opera Mundi