O atual presidente do Equador, Daniel Noboa (Ação Democrática Nacional), e a candidata da esquerda, Luisa González (Revolução Cidadã), disputam o futuro do país. O segundo turno das eleições equatorianos acontece neste domingo (13/04) com mais de 13 milhões de eleitores aptos a votarem.
Noboa e González chegam ao segundo turno após empatarem na primeira volta, em 9 de fevereiro: o direitista obteve 44,17% dos votos, enquanto a correísta angariou 44%. A diferença entre ambos foi de pouco mais de 16 mil votos.
As eleições ocorrem em meio diversas crises que afetam o país, como na economia, geração de eletricidade e, principalmente, na segurança pública. O governo de Noboa, que venceu o pleito antecipado de 2023 e assumiu o país para completar o mandato de Guilherme Lasso, foi marcado por políticas e medidas neoliberais violentas alegando combater cartéis internacionais e gangues, além de ações frequentemente repudiadas por organizações de direitos humanos.
Já González colocou o lema de sua campanha como “Reviver o Equador”, uma referência à violência que abala o país. Mas também entre seus projetos eleitorais estão garantir melhores empregos, educação e saúde aos equatorianos.
Violações de Noboa
Com esse cenário, algumas pesquisas eleitorais apontam González como favorita. Porém, para a antropóloga e pesquisadora equatoriana Pilar Troya, a margem de diferença entre os números “é extremamente pequena”, o que indica que a “eleição será muito disputada”.
A Opera Mundi, Troya disse que o cenário é favorável a Noboa no que tange a “transparência do processo“, já que o atual mandatário “exerce influência significativa sobre o Conselho Nacional Eleitoral (CNE)”. “Tal controle levanta sérias suspeitas de possível manipulação dos resultados, tornando plausível a hipótese de fraude para favorecer sua candidatura”, disse, recordando arbitrariedades de Noboa contra rivais.
Troya recordou que, Noboa, presidente e candidato ao mesmo tempo, está fazendo campanha sem solicitar uma licença, conforme exigido por lei, e que o órgão eleitoral “nada tem feito”. Além disso, o CNE emitiu uma resolução proibindo o uso de celular no dia da votação.
“Isso não apenas viola a liberdade de expressão, mas também boicota o direito dos cidadãos e dos movimentos políticos de monitorar a contagem de votos e exercer o controle eleitoral”, afirmou a pesquisado, destacando que as elites tem “controle das mídias hegemônicas e das redes sociais” e conseguem espalhar fake news contra González e o correísmo.
Reprodução / @LuisaGonzalezEc e @DanielNoboaOk
Apoio movimentos indígenas
Na reta final da campanha para o segundo turno, o partido indígena Movimento Plurinacional Pachakutik oficializou o apoio desse setor à candidatura de González. Vale lembrar que Leonidas Iza, que foi candidato pela sigla no primeiro turno, ficou em terceiro lugar, com 4,9% dos votos.
Além do Pachakutik, a Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) também deu apoio à correísta neste segundo turno.
Para Troya, González conquistou tais apoios e muitos votos “por ela mesma”, destacando que “ser mulher ajuda a reduzir um pouco a rejeição”. “O nível de destruição do Estado, da economia e o aumento rápido e incessante da criminalidade e pobreza auxiliou a esquerda, e não apenas o movimento indígena, a apoia-la”, disse.
Segundo a especialista, o bom desempenho de González no debate e na corrida eleitoral também a ajudaram, já que jovens eleitores “que eram crianças pequenas nos mandatos de [Rafael] Correa e não lembram dos avanços, nem da bonança, e só aprenderam que o Correa é a origem de todos os males”.
Fonte: Opera Mundi