Roncos, sono agitado, cansaço durante o dia e dificuldades de concentração. Estes são alguns dos sintomas da apneia obstrutiva do sono (AOS), que ocorrem durante a infância. A condição, que atinge uma em cada 30 crianças brasileiras, de acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), pode afetar o desenvolvimento e a qualidade de vida dos pequenos.
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De modo geral, a apneia obstrutiva do sono faz com que a respiração seja interrompida ou ocorra parada completa dela por alguns instantes, que podem ser segundos ou minutos. Conforme a SBP, a prevalência é maior em crianças nascidas prematuramente, que estão acima do peso ou que apresentam aumento das amígdalas e adenoide, asma ou rinite alérgica.
Uma das estratégias para evitar ou corrigir o problema desde a infância, conforme especialistas, é o tratamento ortodôntico, já que alterações no desenvolvimento ósseo e na mordida das crianças estão entre as principais causas da AOS.
— Deformidades de crescimento da maxila, como mordida cruzada e sobremordida, por exemplo, podem ser corrigidas com ortopedia funcional dos maxilares, especialmente quando tratadas ainda na infância — explica Ingrid Ledra, presidente da seção catarinense da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR-SC).
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O pequeno Davi Martins, morador de Florianópolis, por exemplo, iniciou o tratamento aos 4 anos de idade.
— Era difícil compreendê-lo na sua fala. Passamos por várias sessões de fonoaudiologia, mas sem resultados. Depois que ele começou o tratamento ortodôntico, com o expansor no céu da boca, foi uma mudança radical — conta a mãe, Tatiane Martins.
Além de melhorar a comunicação, o tratamento impactou positivamente na alimentação, respiração e na convivência social, especialmente no ambiente escolar. Agora com 9 anos, Davi segue em acompanhamento com alinhamento dentário.
— As professoras sempre comentavam sobre a dificuldade de entendimento, e hoje, depois do tratamento, tudo mudou (…) Sempre digo para as mães: começar o tratamento cedo é mais prático e faz toda a diferença na autoestima e na vida social da criança — diz a mãe.
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E se não tratar na infância?
Crianças com apneia não tratada têm maior risco de desenvolver complicações crônicas quando adultas. Estudos mostram que a apneia pode causar problemas cardiovasculares na fase adulta, como hipertensão arterial e arritmias cardíacas, além de problemas de memória, déficits de atenção e menor desempenho cognitivo.
— A apneia do sono infantil é um tema que precisa de mais atenção, inclusive dos ortodontistas, que muitas vezes são os primeiros a identificar sinais como mordida aberta, mordida cruzada ou maxila atrésica, que impactam diretamente na respiração das crianças — reforça a presidente da ABOR-SC, Ingrid Ledra.
Entre adultos, um estudo feito na cidade de São Paulo mostrou que 32,8% da população geral tinha apneia do sono, conforme a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Em populações de risco para apneia do sono, como obesos e pessoas com hipertensão arterial, a prevalência pode ser ainda maior.
O diagnóstico pode ser confirmado através da polissonografia, um exame que monitora a respiração, oxigenação, atividade cerebral e movimentos durante o sono. Esse teste mede o índice de apneia-hipopneia (IAH) e determina a gravidade do problema.
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Dependendo do caso, o tratamento pode ser feito com medidas comportamentais, como perda de peso, alteração da posição de dormir, aparelhos intraorais ou terapia fonoaudiológica para fortalecimento muscular. Em casos graves, é indicado o uso do aparelho CPAP (sigla de pressão positiva contínua nas vias aéreas, em inglês). Quando outras terapias falham, o tratamento cirúrgico pode ser considerado.
Principais sinais de apneia do sono em adultos
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Fonte: NSC