Após quase um mês de violações israelenses ao cessar-fogo com o Hamas na Faixa de Gaza, há novos acenos sobre as negociações no Cairo, capital do Egito. De acordo com a Al Jazeera, citando o jornal egípcio Ahram Online, o grupo palestino está envolvido em conversas “para acabar com a guerra de Israel em Gaza e abrir passagens de fronteira para ajuda humanitária”.
O periódico local ainda apontou que o Hamas também discute “a reconstrução de Gaza e a unificação das instituições palestinas na Faixa e na Cisjordânia ocupada por Israel, em coordenação com a Autoridade Palestina em Ramallah”.
O movimento de resistência ainda descreveu sua abordagem às negociações como “responsável e positiva” e disse que está “aberto a novas propostas, desde que fossem baseadas no fim da guerra e na garantia de uma retirada israelense completa de Gaza”, de acordo com a emissora catari.
Por outro lado, alertou que não aceitará a redução das negociações de trégua a apenas “acordo de troca de prisioneiros para que Israel retome as operações militares posteriormente”.
“Não aceitaremos apenas um acordo parcial de ‘reféns por comida’, após o qual o massacre recomeçará. Não vamos ceder”, disse Mahmoud Mardawi, alto funcionário do Hamas, a repórteres no Cairo, segundo reportou a Al Jazeera.
O jornal israelense Haaretz também relatou que o Egito e o Catar, ambos mediadores do conflito, estão trabalhando com os EUA, uma nova proposta de cessar-fogo no enclave palestino.
Os esforços têm como objetivo “garantir que qualquer implementação de outra etapa do acordo de reféns seja acompanhada por negociações contínuas para encerrar a guerra”.
Enquanto as propostas de cessar-fogo foram noticiadas pela imprensa no Oriente Médio, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ligou, no último domingo (13/04) para a família de Eitan Mor, refém israelense que ainda está em Gaza.
O mandatário de extrema direita disse aos pais de Mor que seu governo “está trabalhando em um acordo para trazer de volta 10 dos prisioneiros restantes”. Zvika Mor, o pai do refém, exigiu então que Netanyahu chegasse a este acordo para trazer “todos os reféns ao mesmo tempo”, afirmando que “selecionar” quais reféns seriam soltos primeiro e que múltiplas trocas colocariam suas vidas em risco.
O governo Netanyahu também libertou nove prisioneiros palestinos nesta segunda-feira (14/04). Após serem entregues ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha, organização humanitária responsável pelas trocas de reféns durante quando o cessar-fogo ainda estava vigente, chegaram ao Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, em Deir el-Balah, no centro de Gaza.
UNRWA/X
Israel defende ataque contra hospital
Também nesta segunda-feira, Israel defendeu seu ataque contra o Hospital Batista Al-Ahli na Cidade de Gaza, o último hospital ativo do Norte de Gaza, que deixou a instalação completamente fora de serviço.
A posição do Ministério das Relações Exteriores veio após a chancelaria da Alemanha questionar a ofensiva realizada no último domingo (13/04). “O direito internacional humanitário se aplica — com a obrigação especial de proteger locais civis. Como um hospital pode ser evacuado em menos de 20 minutos?”, questionou a ministra Annalena Baerbock.
We would expect a clear and strong condemnation of Hamas’s use of hospitals, not rhetoric that encourages Hamas’s continued abuse of civilian infrastructure.
Here are important facts that are unfortunately missing from your statement:
This was a precise strike on a single… https://t.co/YUXKVhdTVN
— Israel Foreign Ministry (@IsraelMFA) April 13, 2025
“Um cessar-fogo firme é urgentemente necessário em Gaza . Os reféns devem ser libertados e a ajuda humanitária deve ser permitida. Caso contrário, só haverá mais sofrimento, ódio e deslocamento”, declarou a chefe da pasta.
Assim, Israel disse que esperava “uma condenação clara e forte do uso de hospitais pelo Hamas” e chamou o questionamento humanitário da representante alemã de “uma retórica que incentiva o abuso contínuo da infraestrutura civil” pelo grupo palestino.
“Este foi um ataque preciso a um único prédio usado pelo Hamas como centro de comando e controle do terrorismo. Não havia nenhuma atividade médica ocorrendo neste prédio”, alegou o governo israelense, sem apresentar provas de que militantes da resistência estavam abrigados ali.
O ministério ainda disse que “antes do ataque, um alerta precoce foi emitido”. Mas não mencionou a evacuação desordenada e às pressas de pacientes e familiares de doentes que saíram do hospital com seus leitos e até mesmo cilindros de oxigênio.
“O ataque foi realizado evitando maiores danos ao complexo hospitalar, que permaneceu operacional para tratamento médico contínuo”, disse ainda, contrariando as declarações das autoridades médicas da região, que informaram o encerramento das atividades no centro médico.
(*) Com Wafa e informações da Al Jazeera
Fonte: Opera Mundi