quarta-feira, abril 23, 2025

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Trump faz acordo com Bukele para ampliar política de deportações


O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, demonstraram nesta segunda-feira (14/04) total sintonia na luta contra o “crime organizado” e sobre a deportação de imigrantes “ilegais”.

Durante encontro na Casa Branca, Bukele afirmou que não tem como devolver aos Estados Unidos um imigrante salvadorenho deportado por engano pela administração norte-americana.

Falando no Salão Oval da Casa Branca, Trump voltou a criticar a presença de “milhões” de imigrantes em situação irregular no país, muitos dos quais, segundo ele, seriam criminosos. O presidente norte-americano agradeceu o apoio de El Salvador nas ações para conter a imigração ilegal.





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“É um pecado o que fizeram, e vocês estão vindo em nosso socorro”, disse Trump, referindo-se à política de “fronteiras abertas” do governo democrata anterior, liderado por Joe Biden.

O magnata ainda elogiou Bukele diante das câmeras: “vocês têm um grande presidente”, afirmou, enquanto os dois líderes passaram alguns minutos criticando a imprensa e discutindo sobre a participação de atletas trans em competições femininas.

‘Tolerância zero’

Bukele, de 43 anos, é conhecido por sua política de “tolerância zero” contra as gangues em El Salvador. Durante a reunião, ele reafirmou a decisão de abrigar em território salvadorenho mais de 250 pessoas deportadas dos Estados Unidos, que serão mantidas no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), mega prisão construída por seu governo.

A maioria dos detidos é de origem venezuelana e foi acusada pela administração Trump de integrar a organização criminosa internacional Tren de Aragua, classificada como grupo terrorista pelos Estados Unidos em fevereiro.

“Sabemos que vocês enfrentam problemas graves com criminalidade e terrorismo, e precisam de ajuda. Somos um país pequeno, mas faremos o que estiver ao nosso alcance para contribuir”, afirmou Bukele.

Bukele foi o primeiro chefe de Estado da América Latina a ser recebido por Trump desde sua volta à presidência em janeiro.

Lei do Século XVIII

Trump reativou uma lei do Século XVIII, originalmente usada em tempos de guerra, para autorizar a expulsão sumária de supostos membros de gangues criminosas. A medida vem sendo duramente criticada por organizações de direitos humanos, que denunciam desaparecimentos forçados e prisões arbitrárias de imigrantes venezuelanos.

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou no domingo o envio de mais dez supostos criminosos ao território salvadorenho.

Nayib Bukele e Donald Trump tiveram reunião oficial na Casa Branca
Governo dos Estados Unidos

Impasse jurídico

Entre os deportados em março está Kilmar Ábrego García, cidadão salvadorenho cuja deportação foi admitida como erro administrativo. Segundo o governo dos Estados Unidos, ele não poderia ter sido expulso desde 2019.

Ábrego está no centro de um impasse judicial: a Justiça norte-americana exige seu retorno, mas a administração afirma que não tem mais jurisdição sobre ele, já que se encontra em território estrangeiro.

“Como eu poderia mandá-lo de volta aos Estados Unidos? Eu o faria entrar clandestinamente no país? É claro que não vou fazer isso. A pergunta é absurda (…) Eu não tenho o poder de devolvê-lo”, respondeu Bukele.

Trump, por sua vez, afirmou que considera até mesmo deportar cidadãos norte-americanos que cometam crimes violentos para El Salvador, e pediu à sua secretária de Justiça, Pam Bondi, que avalie a legalidade da proposta. “Estou totalmente de acordo”, declarou.

Acordo econômico e tensões comerciais

A visita de Bukele também teve uma pauta econômica. El Salvador recebeu US$ 6 milhões de Washington como parte do acordo para manter presos os deportados em seu território. “Para eles, é pouco. Para nós, é muito”, comentou Bukele.

Apesar da cooperação, o país centro-americano continua sendo afetado pelas tarifas comerciais impostas por Trump, que chegam a 10%.

Segundo o Banco Central de El Salvador, quase um terço das exportações salvadorenhas – o equivalente a US$ 2,1 bilhões – têm como destino os Estados Unidos. Os principais produtos enviados são têxteis, açúcar e café.

Atualmente, cerca de 2,5 milhões de salvadorenhos vivem nos Estados Unidos. As remessas enviadas por esses imigrantes representaram 23% do PIB salvadorenho em 2024, alcançando US$ 8,5 bilhões. Economistas apontam que essas transferências cresceram 14% nos primeiros dois meses de 2025, impulsionadas pelas recentes ondas de deportações.



Fonte: Opera Mundi

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