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Glauber Braga chega ao 8º dia de greve de fome na Câmara



Sâmia Bonfim e Glauber Braga (Crédito: Ascom/Glauber Braga)

16 de abril de 2025

Ana Cláudia Leocádio – Da Cenarium

BRASÍLIA (DF) – O deputado federal Glauber Braga (Psol-RJ) chega, nesta quarta-feira, 16, ao seu oitavo dia de greve de fome, desde que teve o parecer pela cassação de seu mandato aprovado, por 13 votos a 5, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, no dia 8 deste mês. Desde então, ele tem sido acompanhado pela equipe médica da Casa e mantido à base de isotônico, água e soro.

“Estou no 8° dia de greve de fome. Arthur Lira é a face do que há de pior no poder oligárquico brasileiro. Se eu aceito ser derrotado pelo poder da grana, isso representará um estímulo pra perseguirem outras lideranças e mandatos populares espalhados pelo país. Por isso, RESISTO!”, publicou o parlamentar, em seu perfil na rede social X, na manhã desta quarta-feira.

O pedido de cassação do mandato de Glauber ocorreu a partir da denúncia do partido Novo, feita em abril de 2024, após o deputado ter sido filmado expulsando das dependências da Câmara, com empurrões e chutes, o integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) Gabriel Costenaro.

O relator do processo no Conselho de Ética, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), opinou pela cassação. “A instrução probatória realizada nesses autos revelou prática por parte do representado de procedimento incompatível com o decoro parlamentar”, disse após ler o relatório.

Glauber alega que sua reação ocorreu após o ativista do MBL tê-lo provocado pela sétima vez e que, naquele dia, ofendeu a honra de sua mãe, Saudade Braga, que estava em estágio avançado da doença de Alzheimer. Semanas depois do episódio, ela veio a falecer.

Para Paulo Magalhães, não havia justificativa para os atos do parlamentar. “A violência física cometida pelo deputado em resposta à ofensa verbal perpetrada por Gabriel Costernaro foi totalmente desproporcional e, portanto, injustificada”, declarou o relator.

Com a certeza de que o parecer pela sua cassação iria ser aprovada pelo Conselho, cuja maioria dos membros faz parte da bancada bolsonarista, Glauber decidiu pela greve de fome, até que definam sua situação em definitivo, que agora depende de votação em plenário. Ele prometeu recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e até ao Judiciário.

A situação de Glauber se complicou por causa da Semana Santa e do feriado de Tiradentes, na segunda-feira, 21, que trouxe um feriadão nacional de 4 dias. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), está em viagem ao exterior e e estabeleceu a votação remota nesta semana, ou seja, os parlamentares não precisaram estar em Brasília. O envio do processo para votação em plenário depende de uma decisão de Motta.

O deputado do Psol também acusa o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) de estar por trás das articulações para cassá-lo por causa das denúncias que fez, ao Supremo Tribunal Federal (STF), sobre corrupção na destinação das emendas parlamentares aprovadas no “orçamento secreto”, uma forma de burlar a fiscalização e rastreabilidade do dinheiro. Lira nega qualquer envolvimento no caso.

Visitas e roda de samba

Desde que começou a greve de fome, Glauber Braga se mantém no Plenário 5 Câmara, local onde ocorreu a reunião do Conselho de Ética. Além de amigos e correligionários que se revezam para acompanhá-lo, ele também conta com o apoio da esposa, a deputada federal Sâmia Bonfim (Psol/SP), que leva o filho Hugo, de 3 anos, para visitá-lo.

O parlamentar tem recebido visitas de ministros de estado e colegas parlamentares e já contou, inclusive, com uma roda de samba, na última segunda-feira, 14, realizada por amigos.

Na tarde de terça-feira, 15, ele recebeu as visitas dos ministros Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), do ex-reitor da Universidade de Brasília e do ex-ministro Nilmário Miranda, assim como de diversos parlamentares de esquerda. No total, sete ministros do Governo Lula já foram ao local prestar apoio ao parlamentar.

Sonia Guajajara e Glauber Braga (Crédito: Ascom/Glauber Braga)

A comunicação do parlamentar é feita apenas pela assessoria de imprensa, ele não tem concedido entrevistas. Ele considera as visitas dos ministros e todos os demais apoiadores “uma forma de reforçar as injustiças do qual está sendo alvo”.

“São visitas muito importantes porque reforçam as injustiças que estão acontecendo aqui na Câmara. Vou aguentar o tempo que for necessário
para mudar esse cenário. Sigo forte”, garantiu.

Segundo sua assessoria, nesta quarta-feira, ele disse que além da preocupação com suas condições de saúde, os parlamentares dos diferentes partidos políticos que têm ido visitá-lo, eles estão preocupados com as consequências que um possível processo de cassação possa resultar para a estrutura democrática no Parlamento.

“A preocupação dos parlamentares que têm vindo me visitar, de vários partidos, é quanto à possibilidade de cassação. Se fizerem isso comigo, quem será o próximo?”, contou Glauber.

Equipe do  Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) em visita ao deputado Glauber Braga (Crédito: Ascom/Glauber Braga)

Às 11h, ele completou 177 horas de greve de fome com acompanhamento médico duas vezes por dia e realização de exames. “De acordo com o médico Antônio Alves (CRM-DF 2304), responsável pela última avaliação, os resultados dos exames de ureia, creatinina, sódio, potássio, cloro e glicemia estão dentro da normalidade”, informou a assessoria.

Leia mais: Eduardo Braga é acusado de repassar informações privilegiadas sobre privatização da Eletrobras



Fonte: Revista Cenarium

trezzenews