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A China enviou uma carta para todos os 193 Estados-membros da ONU (Organização das Nações Unidas) para convocá-los para uma reunião informal do Conselho de Segurança da ONU na próxima quarta-feira (23).
A nota-convite critica especificamente os Estados Unidos pelo tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump, que tem a China como alvo principal.
O governo chinês acusa a Casa Branca de praticar “bullying” contra o resto do mundo, em particular os países em desenvolvimento, e de tomar decisões unilaterais. O texto também acusa Washington de “violar gravemente as regras do comércio internacional (…) lançando uma sombra sobre os esforços globais pela paz e desenvolvimento”.
Para o cientista político Leonardo Trevisan, professor de economia da ESPM, a resposta da China “foi especialmente inteligente, diplomática e de soft power”. “O que é soft power? Eu te convenço a fazer isso [pelo diálogo diplomático e não pelo uso da força]. É isso o que a China está fazendo”, disse durante participação no ICL Notícias 1ª edição desta quinta-feira (17).
De acordo com Trevisan, “a China vai mostrar ao mundo quem é no dia 23 [de abril]”, data em que acontece a reunião informal.
“Isso vai ser um impacto muito, muito forte! A china não nasceu ontem em termos dessa disputa e ela planeja”, ponderou.
“Se você me disser que a China está agindo com uma lógica absolutamente planejada, construída e eficiente, eu vou te dizer que é mesmo. A china representa mesmo aquele poder desafiante em ascensão, não é uma ascensão de grana, mas uma ascensão de projeto”, completou.
Escalada da guerra comercial EUA x China preocupa a ONU
Na quarta-feira (16), a agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento disse que o crescimento econômico global pode desacelerar para 2,3% com a escalada da guerra comercial entre as duas superpotências.
Ontem, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Li Jian, afirmou que os Estados Unidos deveriam interromper sua prática de “pressão máxima” e desistir de ameaças e chantagens se realmente quiserem dialogar e negociar com o país asiático para evitar a crescente guerra tarifária.
A fala dele ocorreu um dia após um comunicado no site oficial da Casa Branca informar que a China irá encarar tarifas de até 245% como resultado de suas “ações retaliatórias”.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, por sua vez, afirmou que o presidente Trump considera que os americanos não precisam firmar um acordo comercial com a China sobre tarifas. Segundo ela, a responsabilidade pelas negociações sobre tarifas recíprocas agora está com o governo chinês.
“A bola está com a China. A China que precisa fazer um acordo conosco. Nós não precisamos fazer um acordo com eles. Não há diferença entre a China e qualquer outro país, exceto pelo fato de que eles são muito maiores — e a China quer o que nós temos… o consumidor americano”, afirmou.
Em resposta, o porta-voz chinês relembrou que a guerra tarifária foi iniciada pelos EUA, não pela China. “A China não quer uma briga, mas também não tem medo de uma”, disse Li Jian.
Assista ao comentário completo do professor Leonardo Trevisan no vídeo abaixo:
Fonte: ICL Notícias