Segundo relato de Isabela Reis à Sputnik News, repressão começou ano passado, quando um grupo de pesquisa passou a discutir genocídio em Gaza
A estudante do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Isabela Reis, denunciou que há perseguição política contra professores e alunos do programa de pós-graduação San Tiago Dantas, em especial aqueles que se posicionam em defesa da Palestina.
“Os professores Reinaldo Nasser e Bruno Huberman foram chamados para depor pela polícia”, mencionou a aluna, em vídeo publicado pela Sputnik News na segunda-feira (14/04). Os dois docentes são proeminentes na condenação ao genocídio cometido por Israel contra os palestinos residentes na Faixa de Gaza.
🗣️❗️ Estudante denuncia perseguição política por posicionamento pró-Palestina na PUC-SP
A estudante Isabela Reis, do curso de Relações Internacionais da PUC-SP, afirma que há perseguição política contra professores e alunos do programa de pós-graduação Santiago Dantas,… pic.twitter.com/0rXsgfpEoN
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) April 14, 2025
Em seu relato, Reis afirmou que a perseguição teve início no ano passado, quando um grupo de pesquisa focado em conflitos internacionais, incluindo as questões no Oriente Médio, foi alvo de uma acusação de antissemitismo.
Ainda segundo a aluna, os ataques estão direcionados ao programa San Tiago Dantas e pelo seu posicionamento de denunciante ao genocídio em curso na Palestina. Ela também mencionou a Fundação São Paulo (Fundasp), ao afirmar que a mantenedora da PUC-SP “tem se alinhado com o sionismo há um tempo”.
“A gente vê atualmente uma perseguição internacional. Lá na [Universidade de] Columbia, os professores e a reitoria estão sofrendo uma perseguição. Os estudantes estão sofrendo perseguição por se posicionarem e aqui a gente vê uma realidade não muito diferente”, afirmou.
O programa San Tiago Dantas de pós-graduação em Relações Internacionais, é uma parceria público-privada que já dura 23 anos, e “viabiliza a formação de mestres e doutores em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp)”.
Estudantes da PUC-SP se reúnem na faculdade em protesto contra perseguição política ao programa de pós-graduação do curso de Relações Internacionais
Desligamento de matrículas
No início de abril, a Carta Capital publicou uma reportagem revelando que estudantes de mestrado e de doutorado no curso de RI da PUC-SP, ligados ao San Tiago Dantas, tiveram suas matrículas desligadas na universidade. A matéria também contou que os docentes envolvidos no programa foram notificados sobre a redução da carga horária e dos salários referentes aos cursos de pós-graduação que constavam no mesmo.
Em uma postagem nas redes sociais, o Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais (GECI) da instituição afirmou que o curso de RI é “perseguido por posicionamento pró-Palestina”, além de ser “umas das vozes mais criticas a Israel”.
Na publicação, o GECI também apontou a falta de respostas da mantenedora da PUC-SP com a situação dos pós-graduandos que tiveram suas matrículas desligadas e também com denúncias de islamofobia na universidade.
Posteriormente, procurada por Opera Mundi, a Fundasp afirmou que “todos os estudantes veteranos do programa San Tiago Dantas têm direito garantido ao curso”.
“A PUC-SP possui uma graduação robusta em Relações Internacionais e um programa de Mestrado bem-sucedido. A Mantenedora aguarda que os docentes do curso trabalhem para apresentar um projeto de doutorado na Universidade e na Capes”, afirmou a assessoria da entidade.
(*) Com Sputnik News e Carta Capital
Fonte: Opera Mundi