A Confederação Geral do Trabalho (CGT), principal central sindical da Argentina, anunciou, às 12h desta quarta-feira (09/04), o início de uma greve geral de 36 horas, contra as medidas econômicas promovidas pelo governo ultraliberal do presidente Javier Milei. Em comunicado, a entidade afirma que espera mobilizar mais de dois milhões de trabalhadores argentinos durante a paralisação.
As primeiras horas da greve devem ser marcadas por marchas convocadas por centenas de entidades sindicais, que devem ocupar as principais cidades do país. Em Buenos Aires, os manifestantes devem se concentrar em um ato marcado para o final da tarde, em frente ao Congresso Nacional.
Entre as principais demandas estão o rechaço ao acordo obtido por Milei com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que significa um incremento de US$ 20 bilhões com o organismo de crédito – valor que será acrescentado à dívida que o país já mantém desde 2018.
Outro tema importante é o apoio aos aposentados, que iniciaram uma série de protestos contra o governo desde o primeiro grande ato no 12 de março – que terminou com forte repressão por parte das forças de segurança –, aos quais se seguiram outros realizados em 19 e 26 de março.
Entre as principais demandas estão: um aumento das aposentadorias (cujo valor mínimo atual é de 349 mil pesos argentinos, equivalentes a 1,9 mil reais); restaurar o programa de medicamentos gratuitos, cujo orçamento foi cortado severamente, apesar de o custo dos medicamentos ter triplicado no país; e restabelecer o benefício da moratória previdenciária, que foi suspenso pelo atual governo e sem o qual seria impossível a aposentadoria de nove em cada dez mulheres e oito em cada dez homens próximos à idade de se retirarem.
Esta será a terceira greve geral na Argentina durante os 16 meses de governo de Milei. Os eventos anteriores ocorreram em janeiro e em maio de 2024.
Dívida com o FMI
A dívida da Argentina com o FMI, um dos focos de crítica da greve geral, deve ser incrementada em US$ 20 bilhões de dólares a partir do acordo assinado por Milei nesta terça-feira (08/04).
Segundo comunicado do FMI, o acordo se baseia no “progresso inicial das autoridades na estabilização da economia, apoiado por uma sólida âncora fiscal, que está gerando uma rápida desinflação e uma recuperação da atividade e dos indicadores sociais”.
El Destape
Vale recordar que o valor do novo empréstimo será acrescentado aos US$ 41 bilhões que o país já devia, em função do empréstimo de US$ 47 bilhões adquirido em 2018 pelo então presidente Mauricio Macri (2015-2019), e que foi amortizado em US$ 6 bilhões durante a gestão de Alberto Fernández (2019-2023).
Pesquisa negativa para Milei
Também nesta terça-feira, a consultora Analogías publicou uma pesquisa com números negativos para o presidente Javier Milei.
Segundo o estudo, que entrevistou mais de 2,5 mil pessoas entre os dias 28 e 31 de março, 61,3% dos argentinos afirmaram ser contra acordo FMI.
Além disso, 63,7% consideram que as medidas econômicas do governo não estão produzindo uma redução da pobreza no país. Também são 52,8%, os que consideram que a inflação não está baixando.
A questão do desemprego traz um índice ainda mais alto: 85,1% dizem temer ficar sem trabalho devido ao cenário econômico atual do país.
A pesquisa também mediu o impacto do escândalo das criptomoedas, e observou que 51,9% das pessoas consideram que Milei cometeu crime ao promover a divisa virtual $LIBRA através de suas redes sociais.
Os que aprovam o atual governo são 38,1%, contra 46,3% que o desaprovam. Na gestão econômica, aprovação é de 33,6%, contra 51,1% de desaprovação; enquanto a gestão em temas sociais tem 24,2% de aceitação e 59,6% de rechaço. Já a imagem pessoal de Milei é positiva para 47,1% e negativa para 50,9%.
Com informações de Página/12 e El Destape.
Fonte: Opera Mundi