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Celso Amorim vê China com ‘mais oportunidades para o Brasil


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O assessor internacional da Presidência da República, Celso Amorim, disse, em entrevista ao jornal O Globo desta quinta-feira (17), que a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é um perigoso risco para o sistema multilateral, um dos pilares da política externa brasileira.

Alvo principal da guerra tarifária de Trump, a China, segundo Amorim, tem hoje uma disponibilidade de recursos para investimento no exterior muito maior que a dos EUA, oferecendo “mais oportunidades ao Brasil e menos riscos”.

“A China tem hoje uma disponibilidade de recursos para investimento no exterior que os Estados Unidos não têm. É uma questão pragmática. A China hoje oferece mais oportunidades ao Brasil e menos riscos”, disse.

Na avaliação de Amorim, o tarifaço de Trump foi usado como estratégia para “forçar negociações bilaterais”.

“O grande risco nisso tudo é o sistema multilateral. Na minha opinião, o que os EUA quiseram fazer não foi botar uma tarifa para a China, outra para o Brasil etc… isso também, mas acho que eles quiseram forçar negociações bilaterais”, disse.

“Essa quebra do multilateralismo está expressamente dita na nota da Casa Branca, onde também são elogiados acordos do século passado. Sabemos que os acordos de 1930 contribuíram para a depressão, que contribuiu para a Segunda Guerra Mundial. Não vou dizer que seja a única causa ou a principal, mas contribuiu. Esse é o risco maior, a ruptura do multilateralismo”, disse Amorim.

“Vantagem comparativa ao Brasil é ilusão”, diz Celso Amorim

Sobre eventuais vantagens ao Brasil com a guerra tarifária, Amorim apontou que “isso é uma ilusão”. “Quando as pessoas dizem que o Brasil pode ter uma vantagem comparativa, eu acho que isso é uma ilusão. A quebra do sistema multilateral traz um prejuízo muito maior do que a eventual vantagem comparativa que, talvez, você possa ter.”

“Se tiver uma tarifa sobre um produto com o qual competimos com a China, ou outro que tenha uma tarifa maior do que a nossa, temos uma vantagem. Mas sem multilateralismo nunca ganharíamos um caso como o que ganhamos o do algodão com os EUA, ou o açúcar com a União Europeia (UE)”, completou.

Foi o multilateralismo que, segundo ele, propiciou ao Brasil ter conseguido um acordo no uso de medicamentos genéricos, por exemplo.

“Não teríamos conseguido legitimar o uso de genéricos como legitimamos. Tudo isso foi no âmbito multilateral. Quando a gente fala do âmbito multilateral, não é uma religião, é uma coisa prática”, enfatizou.

Escalada Trump

Questionado sobre uma moderação por parte de Trump, Amorim disse que hoje, mesmo nos Estados Unidos, há uma “percepção diferente” por parte de economistas americanos, industriais, empresários.

Ele também vê riscos de recessão global, “até mesmo os Estados Unidos”, que é o país mais ameaçado pela guerra tarifária de Trump, e isso traz um problema para o mundo. “É isso que eu temo”, frisou.

“No passado, isso foi o prelúdio da Segunda Guerra Mundial. Houve necessidade de fomentar a indústria armamentista para levantar as economias. Porque o consumidor não tinha mais força. O consumo dos indivíduos, das famílias, não era suficiente para levantar as economias. As economias só começam a se levantar quando começa a haver a perspectiva da guerra. Espero que dessa vez não se chegue a isso”, disse Amorim.

 





Fonte: ICL Notícias

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