A escalada da guerra comercial iniciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, com a imposição de novas a países parceiros comerciais, reacendeu os temores sobre os rumos da economia global. Porém, nem mesmo a pausa de 90 dias na aplicação de tais taxas foi suficiente para conter os ânimos, especialmente diante do embate com a China que ampliam as preocupações sobre o custo de itens essenciais para os consumidores dos Estados Unidos.
Em meio ao cenário de incertezas, cidadãos de diferentes partes dos Estados Unidos expressam percepções diversas sobre o futuro da economia. Em uma das mais movimentadas lojas de departamento da Quinta Avenida, em Nova York, vozes refletem tanto apreensão quanto resiliência.
Norte-americanos divididos entre cautela e esperança
Pam Kurucé, diretora de operações de uma empresa de saúde na Flórida, disse a Opera Mundi estar atenta aos possíveis efeitos das novas tarifas. Ela não está antecipando compras no momento, mas demonstra preocupação com a alta dos preços e um possível cenário de inflação.
Kurucé acredita que poderá haver escassez de produtos, já que muitos itens estariam adiando lançamentos à espera de definições sobre as tarifas.
“Não diria que estou com medo, mas é algo que definitivamente está no meu radar”, disse ela que aproveitou o final de semana para renovar o guarda-roupa da filha.
Já Roseanne, moradora de Nova York, demonstrou mais tranquilidade ao acreditar que os preços vão se estabilizar com o tempo. “Não estou comprando nada com antecedência nem preocupada com uma recessão”, afirmou a sexagenária que acredita que as coisas tendem a se ajustar.
Entre os mais jovens, no entanto, o clima é de apreensão. A estudante de antropologia Kennedy, que vive em um dormitório universitário em Manhattan, teme os impactos econômicos no início da vida adulta. Com a formatura prevista para o ano que vem, ela diz estar preocupada com o custo de vida, especialmente com os preços dos aluguéis.
Segundo ela, essa é uma angústia comum entre os jovens da sua geração. ”Acho que todo mundo da minha idade sente isso agora”, opinou.
Confiança do consumidor despenca
Refletindo o sentimento de incerteza. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Michigan, a confiança do consumidor nos Estados Unidos despencou 11% em abril, alcançando o segundo pior nível da série histórica iniciada em 1952. O índice ficou abaixo até mesmo dos níveis registrados durante a Grande Recessão de 2008.
De acordo com a diretora da pesquisa, Joanne Hsu, a queda foi generalizada. “A queda foi unânime entre todas as faixas etárias, níveis de renda, escolaridade, regiões geográficas e filiações políticas”, escreveu Hsu no texto de divulgação do estudo.
O índice acumula perda superior a 30% desde dezembro de 2024, impulsionado por preocupações com os desdobramentos da guerra comercial, que têm oscilado ao longo do ano.
Dificuldades diárias
Para José, gerente de projetos que vive em Nova York, manter o otimismo é essencial. Apesar de reconhecer as dificuldades do dia a dia, ele acredita que, enquanto houver saúde e trabalho, é possível enfrentar os desafios. “A gente trabalha duro e nem sempre consegue o que quer, mas não dá para ser negativo. Enquanto tivermos saúde e pudermos trabalhar, a gente encara o que vier”, disse.
Mais crítico, Keena, músico da Geórgia que estava de passagem por Nova York, avalia que o presidente Trump governa para os bilionários, e não para as pessoas comuns. Na visão dele, as mudanças propostas vão beneficiar os mais ricos, enquanto a população em geral sentirá no bolso o aumento de preços em itens básicos, como comida e roupas.
“As mudanças que ele promove vão beneficiar os ricos, enquanto o povo vai pagar mais caro por tudo: comida, roupas, o que for. Não estou otimista. Acho que os preços só vão subir”, lamentou.
Com informações da Universidade de Michigan.
Fonte: Opera Mundi