Ministro iraniano reforça que país apenas se defende e acusa ofensiva de Tel Aviv de tentar sabotar negociações nucleares; tensão se agrava após ataque israelense a Assaluyeh.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, afirmou neste domingo (15/6) que o país não tem interesse em ampliar o conflito com Israel para territórios vizinhos, especialmente na região do Golfo Pérsico. A declaração vem um dia após o que ele classificou como “clara agressão israelense” à cidade iraniana de Assaluyeh, uma importante zona de produção de gás e petróleo.
Segundo Araqchi, foi Israel quem deu início à escalada ao atacar instalações nucleares iranianas na última quinta-feira (12/6), em uma ação que Tel Aviv chamou de “ofensiva preventiva”. O ministro iraniano classificou essa estratégia como um erro grave e intencional, com o objetivo de espalhar o conflito para além do território iraniano.
“O ataque a Assaluyeh ocorrido ontem é uma agressão clara e um ato muito, muito perigoso; trazer a cena do conflito para a região do Golfo Pérsico é um erro estratégico provavelmente intencional, cujo objetivo é arrastar a guerra para além do território iraniano”, disse Araqchi.
“Nos defendemos com autoridade”
O chanceler reiterou que os ataques realizados pelo Irã são atos de legítima defesa frente à agressão inicial israelense. Ele enfatizou que Teerã responderá proporcionalmente, mas que, caso os ataques de Israel cessem, o Irã também suspenderá sua resposta militar.
“A República Islâmica do Irã continuará a se defender com autoridade”, declarou Araqchi.
Crescente tensão e alvos estratégicos
A ofensiva israelense do dia 12 teve como alvo o programa nuclear iraniano, o que agravou o clima de instabilidade no Oriente Médio. Desde então, os dois países vêm trocando ataques, inclusive mirando instalações de energia como campos de gás e refinarias.
Nos últimos anos, Israel — que é uma potência nuclear não declarada — tem se posicionado duramente contra o avanço do programa atômico iraniano. Agora, acusa o Irã de ameaçar sua segurança nacional, enquanto Teerã denuncia ações militares com o objetivo de sabotar negociações diplomáticas em andamento.
Ministro acusa EUA de cumplicidade
Araqchi também responsabilizou os Estados Unidos por darem respaldo às ações israelenses. Segundo ele, os ataques foram feitos para “destruir a diplomacia e as negociações” sobre o acordo nuclear iraniano.
“Lamentamos que o governo dos EUA também tenha acompanhado essa ação”, disse, exigindo uma posição clara de Washington contra a escalada militar.
Apesar da pressão internacional, o ex-presidente Donald Trump negou envolvimento com o ataque a Assaluyeh e ameaçou retaliar caso haja qualquer ofensiva contra interesses norte-americanos.
“Se formos atacados de qualquer forma pelo Irã, toda a força e poder das Forças Armadas dos EUA recairão sobre vocês em níveis nunca antes vistos. No entanto, podemos facilmente fechar um acordo entre Irã e Israel e pôr fim a este conflito sangrento”, escreveu Trump nas redes sociais.
