O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, pediu nesta segunda-feira (07/04) que o governo dos Estados Unidos mostre “interesse genuíno” em manter negociações sobre um acordo nuclear, enfatizando que Teerã não aprovará conversas “a qualquer preço ou em circunstâncias humilhantes”.
Em uma reunião com representantes de organizações não governamentais e partidos iranianos, Pezeshkian afirmou que as negociações com os EUA são diferentes da interação com outros países, porque Washington coloca “intensa pressão sobre o Irã e faz ameaças constantemente”.
“Acreditamos em negociações, mas não abjetamente. Mantemos conversas com o mundo inteiro e não brigamos com ninguém, mas também não cederemos à humilhação e não manteremos negociações a qualquer preço”, acrescentou o presidente.
Reiterando a rejeição do Irã à guerra, ao caos e às armas nucleares, Pezeshkian disse: “Estamos atrás de negociações, mas eles (os EUA) também devem provar que buscam” a mesma coisa.
O presidente também observou que o compromisso do Irã de não usar suas capacidades nucleares para propósitos “não pacíficos” não é apenas uma declaração política, mas está enraizado em uma decreto religioso emitido pelo Líder da Revolução Islâmica, Aiatolá Seyyed Ali Khamenei.
Em comentários no último sábado (05/04), o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, reafirmou o comprometimento do país com a diplomacia, dizendo que Teerã concordará com negociações sobre seu programa nuclear em troca da remoção das sanções impostas pelo governo norte-americano.
Presidente do Irã afirmou que compromisso de seu país em não usar capacidades nucleares para propósitos “não pacíficos” não é apenas uma declaração política
“Estamos preparados para negociações sobre nosso programa nuclear e a remoção de sanções com base na lógica de construção de confiança em troca do levantamento das sanções cruéis contra o Irã”, afirmou o ministro.
Araqchi ainda lamentou a política contraditória dos EUA de pedir negociações diretas e ameaçar recorrer à força, o que, segundo ele, viola a Carta da ONU. Segundo o chanceler, a conduta norte-americana “não tem sentido”, embora o Irã ainda esteja pronto para testar negociações indiretas, que não ocorreram até agora por falta de resposta de Washington.
As declarações do ministro iraniano fazem referência ao pedido de negociações diretas com o Irã feitas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a fim de fazer um novo acordo nuclear para substituir o que ele abandonou unilateralmente durante seu primeiro mandato (2017-2021).
O documento assinado pelo Irã, China, França, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha estabeleceu limites ao programa nuclear do Irã em troca do levantamento de sanções econômicas. No entanto, o próprio Trump retirou-se do pacto durante em 2018 e restabeleceu as sanções, levando o Irã a reduzir gradualmente seus compromissos.
Assim, Trump também ameaçou bombardear o Irã se um novo acordo não for alcançado. Com as ameaças, Teerã descartou negociações diretas com Washington sob pressão, mas deixou a porta aberta para negociações indiretas, proposta que o governo Trump ainda não respondeu.
(*) Com IRNA, Tasnim News Agency e TeleSUR
Fonte: Opera Mundi