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Por Isabela Palhares
(Folhapress) – Ao menos três professores se recusaram a assumir o comando das escolas em que os diretores foram afastados pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na sexta-feira (23).
Conforme mostrou a Folha de S.Paulo, a Secretaria Municipal de Educação afastou 25 diretores de escolas que teriam baixo desempenho em avaliações externas, como o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Eles foram convocados para participar de um programa de requalificação até o fim do ano letivo. Nesse período, ficarão temporariamente afastados da direção das unidades.
No lugar dos diretores afastados, serão colocados assistentes de direção designados pelas Diretorias Regionais de Ensino. A Folha de S.Paulo apurou que ao menos três pessoas indicadas já comunicaram a recusa em assumir o cargo.
Os servidores, a maioria professores de carreira, foram avisados na quinta-feira (22) de que seriam alocados em cargos de assistente de diretor. No entanto, eles não sabiam que substituiriam os diretores efetivos dessas unidades. Por isso, ao menos três recusaram a realocação.

São Paulo: professores se recusam a assumir cargo de diretores afastados por Nunes
Em nota, a secretaria disse que outros profissionais serão indicados para atuar como assistente de diretor nessas unidades.
A decisão da gestão Nunes gerou uma série de mobilizações de estudantes, famílias, professores, sindicatos e acadêmicos contra o afastamento dos diretores. Só nesta segunda (26), houve protesto na Emef (escola municipal de ensino fundamental) Espaço de Bitita, na zona norte da capital, e na Emef Ibrahim Nobre, na zona oeste.
A Congregação da Faculdade de Educação da USP também aprovou uma moção de repúdio às escolhas da gestão Nunes. Publicada nesta segunda, a nota destaca que várias das escolas afetadas pela medida participam de projetos de formação inicial e continuada da universidade.
“Estas unidades são coformadoras de docentes junto a nossas unidades, atestamos, enquanto universidade pública e pertencente ao grupo das cem melhores do mundo, a qualidade do trabalho de tais escolas, considerando inadmissível o procedimento utilizado”, diz a moção.
A Congregação também afirmou que irá acompanhar de perto a medida e vai atuar para reverter o afastamento dos diretores.
Nunes é cobrado por instituições
O Ministério Público também cobrou explicações da secretaria sobre os motivos de afastamento dos diretores. A promotora Fernanda Peixoto Cassiano pediu que a pasta apresente em até cinco dias, entre outros detalhes, se os profissionais afastados tiveram oportunidade de fazer uso do contraditório e direito à ampla defesa.
A deputada estadual Andrea Werner (PSB) também encaminhou um ofício ao secretário de Educação, Fernando Padula, questionando sobre os critérios da gestão Nunes para a seleção dos 25 diretores afastados.
Para a parlamentar, “decisões baseadas exclusivamente em desempenho numérico de avaliações padronizadas podem desconsiderar os avanços de caráter qualitativo, especialmente no que diz respeito à educação inclusiva, cujos desafios exigem compromisso ético, metodológico e estrutural por parte do poder público”.
A maioria das escolas afetadas pela medida trabalha com alunos de alta vulnerabilidade socioeconômica e com deficiência.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação disse que se trata de uma ação inédita na rede de ensino paulistana. Informou que os 25 diretores afastados atuam há pelo menos quatro anos nas unidades e que essas foram selecionadas “devido ao desempenho obtido no Ideb e Idep” — indicadores federal e municipal de educação, respectivamente.
“A capacitação, inédita, inclui vivência em outras unidades educacionais e tem como objetivo o aprimoramento da gestão pedagógica para melhorar a aprendizagem de todos os estudantes. As unidades contarão com o reforço de mais um profissional na equipe gestora. A remuneração dos diretores será mantida”, diz a nota.
Fonte: ICL Notícias