O presidente russo, Vladimir Putin, propôs nesta sexta-feira (28/03) estabelecer uma “administração de transição” para promover novas eleições na Ucrânia antes de qualquer negociação de paz. Essa gestão estaria sob tutela das Nações Unidas (ONU).
Segundo a sugestão, tal administração se encarregaria de organizar eleições e seria esse novo governo legitimamente eleito que assumiria as negociações de paz.
“Poderíamos discutir com os Estados Unidos e até mesmo com países europeus e, claro, com nossos parceiros e amigos, essa administração de transição na Ucrânia”, sugeriu Putin. Ele lembrou que a ideia tem precedentes. Na década de 1960, a ONU estabeleceu um governo de transição na Nova Guiné Ocidental quando essa queria se separar da Indonésia.
“Uma eleição presidencial democrática resultaria na chegada de um governo (…) que teria a confiança do povo (…) para fazer negociações sobre um acordo de paz e assinar documentos legítimos”, disse Putin.
Porém um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos descartou a ideia, dizendo que a Constituição e a vontade dos ucranianos devem prevalecer. Isso a despeito do presidente norte-americano, Donald Trump, ter chamado seu homólogo ucraniano Volodymyr Zelensky de “ditador sem eleições”.
Ucrânia alega dificuldade para realizar eleições com a guerra
Segundo o governo norte-americano, seus enviados chegaram a conversar com a oposição ucraniana sobre realizar eleições e todos disseram que primeiro é preciso a paz. E, de acordo com Kiev, há dificuldades para garantir o voto dos eleitores.
A Comissão Europeia também rejeitou a proposta russa dizendo que Zelensky foi “legítima e democraticamente eleito” e que só os ucranianos podem convocar eleições.
Putin não reconhece a legitimidade de Zelensky porque seu mandato venceu no ano passado e ele não realizou eleições. Mas essas foram suspensas porque o país está sob lei marcial por causa da guerra. O líder russo argumenta que qualquer acordo de paz poderia ser contestado depois por um governo legitimamente eleito.
Vladimir Putin propõe um governo provisório para organizar eleições na Ucrânia antes da paz
Acusações mútuas de romper o cessar-fogo parcial
Enquanto as negociações de paz parecem estagnadas, Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente de violar os acordos parciais feitos. Nesta sexta-feira, ambos se acusaram de ataques às estruturas energéticas, que haviam acordado não alvejar.
O Kremlin disse que Kiev realizou dois ataques com foguetes Himars, que praticamente destruíram a estação de transporte e medição de gás Sudzha.
Já os jornais russos noticiaram ataques com drones a uma refinaria de petróleo em Saratov. Também informaram sobre a interrupção do fornecimento de eletricidade em Shebekino, região de Belgorod, que teria sido causada por um ataque da artilharia ucraniana a uma instalação em Belgorodenergo.
A Ucrânia, por outro lado, disse que as tropas russas bombardearam instalações da estatal de petróleo e gás Naftogaz. “Este é o 18º ataque em grande escala à infraestrutura do grupo desde o início da guerra e o oitavo este ano”, informou a estatal ucraniana.
Fonte: Opera Mundi