No mundo são frequentes as “eras de incerteza”, nome dado pelo economista canadense John Kenneth Galbraith, ao escrever o livro “A Era da Incerteza”, em 1980. A mais nova é o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com várias mudanças diárias para tarifas de importação. Quando eu escrevi esta coluna, quinta-feira (10), a China estava enfrentando tarifa de importação de estratosféricos 145% imposta pelos EUA após revidar com 84% de taxação. Provável recessão à economia americana está na agenda e impacta outros países.
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Na quarta-feira, Trump reduziu as tarifas recíprocas em 10% aos demais países depois que o mercado global perdeu a confiança nos títulos do Tesouro dos EUA, até então considerado o investimento mundial mais seguro. A venda de títulos americanos em série acendeu um alerta no governo do país.
O Brasil aguarda com cautela os efeitos dessa turbulência. Os produtos vendidos aos Estados Unidos que integram grupos específicos estão sendo taxados enquanto os livres seguem sem taxação, como é o caso de madeiras e derivados.
Mas o Brasil enfrenta também impactos paralelos, em especial devido à guerra acirrada entre os EUA e a China, no preço das commodities. O presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne), José Antônio Ribas Júnior, alerta que com taxação maior, a carne americana vai ficar cara aos chineses e, então, isso deve pressionar exportações do Brasil para a China.
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Como o mercado mundial não tem carne bovina sobrando, os preços devem subir no mercado brasileiro, pressionando não só o custo da carne bovina, mas também das carnes de frango e suína.
– O comércio bilateral entre os dois países – EUA e China – vai sofrer impacto. E aí não vai ter jeito, o Brasil poderá entrar com força, vai ter um espaço que não tinha e, no mínimo, se a gente não tiver volume, pelo menos poderemos subir preços. A lei da oferta da procura é relevante. Tem que ser entendido que para exportar, poderemos subir preços nesse momento – avalia Ribas Junior.
A movimentação da China já impacta no Brasil com a soja. Fontes informaram ao jornal O Estado de S. Paulo que importadores chineses fizeram uma compra fora do comum de soja esta semana no Brasil, de 40 cargas, diante das incertezas com os EUA, seu principal fornecedor do produto.
Na via contrária, a indústria brasileira teme uma invasão de produtos chineses diante das retaliações dos EUA, para onde o gigante asiático exporta perto de US$ 500 bilhões por ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil poderá retaliar os EUA se não tiver acordo. Outros países também podem ter restrições. É uma luta para manter as economias em pé nessa nova “Era de Incertezas”.
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Fonte: NSC