quarta-feira, abril 23, 2025

Top 5

spot_imgspot_img

Últimas notícias

Tribunal condena ex-presidente Humala a 15 anos de prisão


Atualização às 19h25

Um tribunal peruano condenou, nesta terça-feira (15/04), o ex-presidente Ollanta Humala e sua esposa a 15 anos de prisão por corrupção ligada a um escândalo de corrupção global envolvendo o grupo de construção brasileiro Odebrecht.

O tribunal considerou o ex-presidente de 62 anos e sua esposa, Nadine Heredia, culpados de lavagem de dinheiro por receberem contribuições ilegais da Odebrecht em duas campanhas presidenciais. Humala foi levado sob custódia da sala de audiências após a decisão, e o juiz Nayko Coronado ordenou a prisão de Heredia, que não compareceu à audiência de sentença.





Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!

Inscreva-se


Os promotores haviam solicitado uma pena de 20 anos de prisão para Humala e 26 anos para Heredia por aceitar US$ 3 milhões (aproximadamente R$ 5,6 milhões, em valores da época) em contribuições ilegais da Odebrecht para sua campanha de 2011.

A dupla também foi acusada de desviar ilegalmente cerca de US$ 200 mil enviados pelo então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para a fracassada campanha de Humala em 2006, e Heredia de “ocultar compras de imóveis” feitas com parte do dinheiro.

Após a condenação, Humala disse que era inocente e que a Justiça peruana usou provas que foram anuladas no Brasil pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “É inacreditável uma decisão desta natureza sem que ninguém prove se o alegado dinheiro existiu, se foi entregue e muito menos se houve um ato de conversão”, disse, segundo a Folha de S. Paulo.

“Há muito tempo, o ex-presidente Lula, por quem tenho profundo respeito, disse que nunca pensou que colocar um prato de comida na mesa de uma pessoa com fome pudesse significar prisão. E isso ecoa na minha cabeça há muitos anos. Presidentes que amaram e lutaram pelo seu povo podem ser condenados como se fossem criminosos, justificando processos criminais conduzidos da forma como vimos hoje?”, afirmou o ex-presidente.

Ex-presidente peruano, Ollanta Humala
Tribunal considerou ex-presidente e sua esposa, Nadine Heredia, culpados de lavagem de dinheiro por receberem contribuições ilegais da Odebrecht em duas campanhas presidenciais
Presidencia Peru/Flickr

Asilo no Brasil

Após a condenação, o Ministério das Relações Exteriores do Peru informou, também nesta terça-feira (15/04) que Nadine Heredia entrou na embaixada brasileira em Lima para pedir asilo, horas depois de ambos receberem a decisão da Justiça peruana.

“O Ministério das Relações Exteriores informa ao público que a Embaixada da República Federativa do Brasil no Peru informou que a Sra. Nadine Heredia Alarcón compareceu à sede de sua Embaixada nesta manhã. Ela solicitou asilo naquele país, de acordo com a Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, da qual o Peru e o Brasil são partes”, informou o comunicado da chanceleria.

Por fim, a pasta disse que “ambos os governos estão em comunicação constante sobre esta situação”.

Segundo a colunista da Folha de S. Paulo, Monica Bergamo, “o ex-presidente decidiu cumprir a pena de prisão. E pediu que sua mulher tentasse o asilo no Brasil”. “Nadine resistia, mas Ollanta Humala argumentou que ela não havia sequer obtido autorização para viajar ao Brasil e tratar de um câncer enquanto respondia ao processo. Presa, correria o risco de nunca mais sair do cárcere”.

De acordo com a coluna, o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva “já recebeu o pedido” e “é certo que ele concederá o asilo”.

Caso Odebrecht

Ex-oficial do exército que comandou o país de 2011 a 2016, Humala tornou-se, em 2022, o primeiro ex-presidente peruano a ser julgado no escândalo de corrupção da Odebrecht, que também envolveu três outros ex-presidentes. Eles negaram consistentemente todas as acusações, e a equipe jurídica de Humala disse que ele vai apelar da sentença. A empresa admitiu ter pago pelo menos US$ 29 milhões em subornos a autoridades peruanas entre 2005 e 2014.

Presidente por dois mandatos (1985-90 e 2006-10) Alan Garcia cometeu suicídio em 2019 quando a polícia foi à sua casa para prendê-lo, enquanto Alejandro Toledo (no poder de 2001 a 2006) foi condenado no ano passado a mais de 20 anos de prisão por aceitar subornos multimilionários em troca de contratos governamentais. As investigações continuam sobre o quarto ex-presidente implicado, Pedro Pablo Kuczynski (no cargo de 2016 a 2018).

Humala chegou à Presidência em 2011 após derrotar a candidata de direita Keiko Fujimori em uma eleição de segundo turno. A própria Fujimori passou 16 meses em prisão preventiva em um caso ligado à Odebrecht.

(*) Com Brasil247, Brasil de Fato e informações da Folha de S. Paulo





Fonte: Opera Mundi

trezzenews