O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou nesta terça-feira (15/04) seu confronto com a Universidade Harvard, ameaçando retirar sua isenção fiscal. A ameaça do republicano vem após a faculdade rejeitar as exigências da Casa Branca para alterar suas políticas, como encerrar seus programas de inclusão e equidade, e ter cerca de US$ 2,2 bilhões (R$ 11,22 bilhões) em subsídios e contrato congelados.
“Talvez Harvard devesse perder sua isenção fiscal e ser taxada como uma entidade política se continuar a promover a ‘doença’ com inspiração política, ideológica e terrorista?” “Lembre-se, a isenção de impostos depende inteiramente de agir em prol do interesse público”, escreveu Trump em na rede social Truth.
A ameaça vem um dia após o governo Trump anunciou o congelamento das verbas para a Harvard, colocando em risco quase US$ 9 bilhões (R$ 45,9 bilhões) em financiamento federal.
Na última semana, a universidade recebeu uma carta de uma força-tarefa da Casa Branca, que delineou condições políticas adicionais para “manter o relacionamento financeiro de Harvard com o governo federal”.
As exigências incluíam a eliminação dos programas de diversidade, equidade e inclusão de Harvard, a proibição de máscaras durante protestos no campus, a reforma da contratação e admissão com base no mérito e a redução do poder do corpo docente e dos administradores “que estão mais engajados no ativismo do que na pesquisa acadêmica”.
Em resposta, o presidente de Harvard, Alan M. Garber, enfatizou que não aceitará o acordo proposto, porque “a Universidade não abrirá mão de sua independência ou de seus direitos constitucionais”.
Joseph Williams/Wikicommons
Desmantelamento da educação nos EUA
As ações contra Harvard ocorrem em meio a uma profunda reestruturação do sistema educacional federal nos EUA. O Departamento de Educação, alvo histórico de críticas conservadoras desde sua criação em 1979, agora enfrenta um desmantelamento sem precedentes sob o governo Trump.
A administração do republicano tem ameaçado inúmeras faculdades nos Estados Unidos com cortes de financiamento, em troca das mudanças nas políticas escolares. Harvard, porém, é a primeira universidade de elite a rejeitar as exigências da Casa Branca.
Para a Casa Branca, as medidas são um trabalho do governo Trump para “tornar o ensino superior excelente novamente, acabando com o antissemitismo desenfreado e garantindo que os fundos dos contribuintes federais não financiem o apoio de Harvard à discriminação racial perigosa ou à violência motivada por racismo”.
As ameaças do governo Trump contra as universidades norte-americanas decorrem das manifestações pró-Palestina e contra a guerra na Faixa de Gaza no ano passado. A administração republicana avalia que as mobilizações foram movidas por suposto antissemitismo.
“Harvard ou qualquer instituição que busque violar” as medidas “é, por lei, inelegível para receber financiamento federal”, defendeu assim a sede da Presidência dos EUA.
Na esteira das ações contra as universidades, segundo a imprensa norte-americana, Trump também emitiu recentemente uma ordem executiva instruindo a Secretária de Educação, Linda McMahon, a se preparar para fechar o departamento, apesar de reconhecer que sua dissolução completa exigiria aprovação legislativa.
Os efeitos dessa política já são tangíveis: aproximadamente dois mil funcionários — quase metade do departamento — foram demitidos ou aceitaram pacotes de demissão voluntária, e dezenas de contratos de pesquisa foram cancelados.
Essa redução drástica afeta uma instituição que, apesar de ser a menor entre as agências do governo, com 4.209 funcionários em setembro passado (apenas 0,2% do emprego federal), tem um impacto desproporcional na sociedade norte-americana como o principal canal de ajuda federal para escolas públicas e o maior credor para estudantes universitários.
(*) Com Ansa e TeleSUR
Fonte: Opera Mundi
